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Poucas palavras, pequenas compreensões e vários sentires.

sábado, 15 de setembro de 2012

Delírios sobre a eternidade

Quero distância dessa entidade nomeada, decifrada e dissecada, já não é possível a relação de outrora. É uma questão de sobrevivência, eu não consigo mais. A menor aparência de religiosidade me torna pesado. Eu prefiro a leveza. Eu prefiro me relacionar com esse misterioso silêncio inominável, esse absurdo assustador que com dedos ternos, às vezes, consigo tocar e ter Fé. Quero esse monstro poderoso, inefável, que destrói cotidianamente meus projetos tão bem formulados e planejados. Essa destruição cotidiana é que me torna homem, humano e iluminado. É nesse devir de construção e aniquilação de meus castelos que percebo quem realmente eu sou. NADA. Na falida tentativa de superar a ignorância humana, percorremos muitos caminhos diagnosticando a vida com verdades forjadas em alicerces frágeis, a dizer: Nós mesmos. Como somos equivocados; pequenos homens desesperados tentando fazer da vida aquilo que pensamos estar correto. Só o conhecimento de nossa própria ignorância e fragilidade podem nos salvar da arrogância de dizermos:"Estou correto".

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

MÁQUINAS EM DETRIMENTO DO CORPO


O ser humano cada vez mais tem se distanciado de sua humanidade. Toques, olhares, movimentos e pensamentos não pertencem mais a categoria do corpo, pertencem, agora, a uma categoria motora ausente do corpo, fora do mecanismo visceral. O homem ausente de si mesmo, esse é o retrato cada vez mais notório de uma sociedade utilitarista, de pessoas amputadas, que não sabem mais andar sem suas carruagens e cavalos metálicos; que não sabem mais falar sem suas caixas mágicas; que não sabem mais amar e nem pensar sem seus aparelhos futuristas, papagaios da tecnologia estática, sem movimento, sem olhares, sem sabor. Modelados unicamente para ingerir um modelo socioeconômico suicida e antirreflexivo. Escrevendo uma sentença miserável em seus próprios epitáfios, a sociedade caminha inexoravelmente como câncer em direção a sua própria aniquilação. Não existe mais o pensar, as máquinas já se apoderaram do homem, o homem mesmo já “pensa” como máquina, o instinto não é mais humano é mecânico, a máquina assume o lugar dos corpos.

03/09/2011

CIDADÃO DO MUNDO


Território, povo e cultura, esses são os parâmetros que alguns acreditam distinguir e separar os povos, como se uma nação nada tivesse haver com outra. Nomeamos os problemas e catástrofes de outros lugares como algo ausente de nós, como se todos nós não participássemos do mesmo plano. As singularidades territoriais, culturais e linguísticas não nos torna seres completamente ausentes uns dos outros; quando se fere um homem, fere-se a todos os homens, afinal, somos todos filhos das mesmas dores e alegrias, filhos dos mesmos erros, filhos da mesma História. Não há nação superior à outra, a nacionalidade suprime a vocação de sermos homens peregrinos, de sermos homens de todos os lugares. Por isso prefiro ser este homem mundano, este "cidadão" do mundo.
Paulo Victor, 04/09/2011.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Entrevista à Sartre – Simone de Beauvoir (trechos)



S. de B. – Houve uma época em que você conheceu cristãos, de uma maneira muito íntima: no campo de prisioneiros. Seu melhor amigo era até um padre.
J. -P. S. – Sim, lá eu convivia em grande parte, essencialmente com padres. Mas eles representavam naquela ocasião, no campo de prisioneiros, os únicos intelectuais com quem eu tinha contato. Nem todos, mais pelo menos meu amigo, o jesuíta Feller, e o padre que depois deixou as ordens, e se casou...
S. de B. – O abade Leroy?
J. -P. S. – O abade. Eles representavam intelectuais, pessoas que pensavam sobre as mesmas coisas que eu, nem sempre o que eu pensava, mas era já um ponto em comum questionar as mesmas coisas. De maneira que eu podia falar muito com o abade Leroy, ou o abade Perrin, ou Feller o jesuíta, do que com camponeses prisioneiros.
S. de B. – E seu ateísmo não os incomodava?
J. -P. S. – Parece que não. O abade Leroy me disse, muito espontaneamente, que não aceitaria um lugar no paraíso se me fosse recusado um lugar. Mas ele pensava precisamente que esse lugar não me seria recusado, e que eu aprenderia a conhecer Deus, ou durante minha vida ou depois de minha morte. Portanto, ele considerava isso como um limite entre nós que desaparecia. Uma separação que desaparecia.

Simone de Beauvoir – A Cerimônia do Adeus, 1974.

domingo, 17 de abril de 2011

DESEJANDO A ETERNIDADE

Fragmento de um romance sem nome


(...) O tempo e este corpo de morte, minhas algemas, minhas prisões. Minh’alma enquista-se, transborda de desejo, entristece-se por não poder consumar seu encontro com o fim de todas as cousas, encontrando a paz eterna além dessa trágica e limitada existência humana.

Esses pequenos toques na eternidade causam desejo de transcendência, causam desespero pelo porvir. Desespero de quem quer beber da eternidade, no entanto, tal momento lhe é privado(por enquanto).

Essa vida sem significado, essa existência transitória e frágil, é muito pequena para a imensidão daquilo que nos espera, quando este corpo de morte será rasgado, e um ser, semelhante a um anjo, voará em direção a uma liberdade indizível junto de Deus. Encontrando-o num lugar onde não haverá mais dor, nem tristeza. 

Lá, andaremos no Amor e na Paz que advém de uma fonte inesgotável, perene, onde a transitoriedade da repetição se extingue para sempre, onde iremos nos encontrar face a face com o Perdão.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Compreensões capturadas


"A compreensão da existência é bem mais fácil quando a aceitamos tal qual ela é."

"É preciso saber viver COM e SEM."

"Para algumas perguntas a melhor resposta é o silêncio."

"O mandamento não é seja feliz, e sim, ame ao próximo."

"A ausência das pessoas que amamos “onera” o significado e a importância das mesmas."

"A vida é muito efêmera para ficarmos desperdiçando tempo com conflitos irrelevantes."

Paulo Victor